Pacientes terminais: como ajudá-los da melhor forma?

Receber a notícia que alguém que amamos está com uma grave doença terminal é sempre um algo complicado e muito difícil, que poderá aflorar sentimentos diversos que vão desde a tristeza profunda, até a ansiedade e a raiva.

Embora não existam “maneiras corretas” de lidar com pacientes terminais, algumas dicas podem lhe ajudar a tornar esse momento um pouco mais confortável para aqueles que sofrem com a doença, e também para você e os demais envolvidos nessa situação.

Continue a leitura e veja as dicas que separamos.

Entenda e aceite os seus sentimentos

O primeiro passo é cuidar do seu próprio emocional, afinal lidar com pacientes terminais não é uma tarefa simples e pode ser que essa situação abale profundamente os seus sentimentos.

Muitas pessoas relatam que sentem raiva e frustração quando recebem essa notícia e até tentam culpar alguém pela situação, como o médico que não diagnosticou o quadro corretamente, um parente próximo que não deu a atenção necessária ou a si próprio.

Fazer isso é um erro, afinal não existem culpados quando falamos em doenças terminais. Entender que todos nós vamos partir um dia é algo importante, assim como tentar compreender e lidar com seus sentimentos. Lembre-se que você precisará estar bem consigo mesmo para conseguir ajudar o seu familiar.

Por isso, tire um momento para refletir sobre como está se sentindo com essa situação e saiba perdoar a si mesmo caso tenha sentimentos controversos sobre o momento. Se for necessário, busque ajuda profissional para encarar essa situação.

Ouça o paciente

Se essa é uma situação difícil para você, também o é para quem sofre com a doença. Por isso esteja pronto para ouvir as suas histórias e desejos. Muitas pessoas acabam se esquivando desse momento por medo de não saberem o que dizer – porém, muitas vezes, o silêncio poderá falar mais sobre seu companheirismo do que qualquer palavra, deixando que o paciente se abra.

É possível que a pessoa que esteja passando por esse momento sinta a necessidade de declarar seu amor e expressar seus sentimentos, comunicando-se com seus familiares. Aproveite esse momento e não tente esconder informações importantes do paciente, principalmente no que diz respeito a sua saúde.

Quando o paciente terminal sabe o que está acontecendo, ele tem mais chances de se preparar emocionalmente para isso. Então, seja franco e honesto e saiba ouvir as necessidades de quem está sofrendo. Será mesmo que essa pessoa deseja passar seus últimos dias no hospital, ou preferiria ir para a casa? Tem alguém que ele gostaria de encontrar? Será que existe algo que pode deixá-lo mais confortável?

Permita que a pessoa se expresse, sem interrompê-la, julgá-la ou minimizar seus medos e o seu sofrimento.

Evite algumas atitudes e frases que podem piorar a situação

Quando alguém que amamos recebe um diagnóstico de uma doença grave, é comum muitas vezes ficarmos sem saber como agir e acabarmos dizendo algumas coisas que podem piorar o quadro.

Assim, tente evitar algumas atitudes e frases que podem deixar o paciente ainda mais triste. O ideal é tentar fazer visitas curtas e controlar a sua ansiedade, deixando sempre que a pessoa fale sobre o quiser conversar, guiando o diálogo. Ela decidirá se quiser falar da sua doença e chorar, por exemplo, ou se preferir conversar sobre outros assuntos e amenidades. O importante é que você não force nenhuma situação.

Não é preciso grandes atitudes nesse momento. Os pequenos gestos contam bastante e podem ser suficientes para que a pessoa se sinta rodeada de carinho e de pessoas que realmente se importam com ela.

Evite também frases clichês, cobranças, visitas muito longas e cansativas, falar demais ou tentar se justificar. Ao invés disso, demonstre os seus sentimentos de maneira objetiva como “eu gosto muito de você” e “estou sempre do seu lado”, ao invés, por exemplo, de frases como “eu não gostaria que isso estivesse acontecendo com você”.

Pense em oferecer cuidados paliativos

Os cuidados paliativos se referem a uma parte mais moderna da medicina, que busca oferecer uma rede de apoio aos pacientes terminais, tentando deixá-los o mais confortável possível.

Alguns dos princípios básicos dos cuidados paliativos são:

  • fornecer alívio para a dor e os outros sintomas estressantes aos quais os pacientes terminais podem estar submetidos;
  • integrar aspectos sociais, espirituais e psicológicos aos tratamentos dos pacientes terminais;
  • oferecer um sistema de apoio aos familiares e cuidadores para que saibam lidar com a doença em seu próprio ambiente;
  • usar uma abordagem interdisciplinar para oferecer todos os cuidados possíveis ao paciente e a sua família.

Todo o esforço dos cuidados paliativos é para que os pacientes terminais consigam permanecer autônomos, com preservação do autocuidado e próximos dos seus entes queridos nos seus últimos dias ou meses.

Respeite a espiritualidade do familiar

A espiritualidade pode ser algo importante nesse momento para muitas pessoas, ajudando-as a enfrentarem essa situação. Por isso, tente respeitar os costumes, as tradições e as crenças do paciente – ainda que você não compartilhe dessas opiniões.

Se o paciente terminal deseja conversar com um padre ou um pastor, por exemplo, ofereça essa possibilidade, bem como as demais orientações que a pessoa poderá lhe dar nesse sentido – como em relação ao seu funeral ou sepultamento.

Caso o familiar acredite em vida após a morte, converse com ele sobre esse assunto e deixe-o expressar os seus sentimentos e as suas crenças, sem interferir ou tentar colocar a sua visão como verdadeira.

Comece a planejar e tomar atitudes em relação aos aspectos burocráticos

Lidar com a proximidade da morte de alguém que amamos envolve, além de todo o cuidado emocional, também a parte prática e burocrática da situação. Por isso, tente ir lidando com essas questões enquanto o paciente ainda está desperto e ativo.

Converse com o familiar honestamente e busque entender, por exemplo, as suas preferências em relação ao sepultamento, se já existe um jazigo na família, se o testamento foi feito e as suas últimas vontades, como em relação ao funeral e outros assuntos.

Embora possa parecer um pouco complicado abordar esses assuntos, ter uma conversa franca e honesta ajudará muito quando você tiver de tomar essas decisões, garantindo que todas as vontades de quem você ama estarão sendo cumpridas, bem como seus últimos desejos.

Além disso, caso o familiar não tenha realizado nenhum testamento, por exemplo, é importante saber suas vontades em relação a questões práticas, como a divisão de bens e outros pontos – que podem ser difíceis de serem tratados caso nenhuma orientação nesse sentido seja deixada ainda em vida.

Como você pode notar, não existem “certos” e “errados” quando falamos em pacientes terminais. Demonstrar carinho e afeto, sabendo ouvir e respeitar o familiar que está passando por essa situação ainda são as dicas mais importantes e que tornarão o momento um pouco menos difícil.

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