A pandemia do novo coronavírus pode estar chegando ao fim, mas durante este período, muitas pessoas perderam pessoas amadas e tiveram que lidar com o luto de uma forma complicada – muitas vezes sem despedir de seus parentes, ou sem poder contar com a presença de amigos para o consolo.
Um levantamento recente sobre o tema diante de outros surtos de doenças infecciosas, como a cólera e o ebola, aponta que o isolamento dos doentes e de realizar os rituais pós-morte causam impactos muito negativos à sociedade. Sendo assim, o artigo a seguir contém algumas dicas de como você pode superar este momento de uma forma menos dolorosa.
Não existe um tempo que determina quanto tempo o luto durará. Para algumas pessoas, a tristeza dura anos, enquanto, para outras, meses. Tudo depende das particularidades emocionais de cada um, bem como outros fatores, como a proximidade com o falecido. A grosso modo, especialistas dizem que o primeiro ano é o mais difícil.
O luto não tem um padrão, cada um vivencia de uma maneira, mas existem pontos em comum. As chamadas fases do luto, denominadas pela psiquiatra Elizabeth Kübler-Ross, são:
É o primeiro sentimento diante da notícia de doença terminal para um paciente ou de morte para um enlutado, independentemente de como tomou conhecimento do fato que funciona como um para-choque, para que o paciente ou o enlutado se acostume com tal situação.
Funciona como um para-choque para que o sujeito possa se acostumar com a situação e é preciso aguardar o momento oportuno para se aproximar dele, observando os sinais demonstrados. A aceitação parcial é a fase logo após a negação, quando não se utiliza da negação por muito tempo. É um estado temporário do qual ele se recupera, gradativamente, à medida que vai se acostumando com a realidade, até começar a reagir.
Surge quando não é mais possível negar o fato e há o sentimento de revolta, de inveja e de ressentimento. O paciente ou o enlutado se pergunta “por que eu e não outra pessoa?”. A raiva é expressa por emoções projetadas no ambiente externo e pelo sentimento de inconformismo. Para a família e os amigos, é uma fase difícil de lidar, pois suas atitudes não têm justificativa plausível. A raiva só se torna patológica quando se torna crônica.
A pessoa começa a ter esperança de uma cura divina ou de um prolongamento da vida, em troca de méritos que acredita ter ou ações que promete empreender.
É o estágio de sentimentos de debilitação e tristeza acompanhados de solidão e saudade. Funciona para o paciente, bem como os envolvidos com ele, como uma preparação para suas perdas. Essa fase requer muita conversa e intervenções ativas por parte dos que estão a sua volta, de modo a evitar uma depressão silenciosa. Isso porque só os que conseguem superar as angústias e as ansiedades são capazes de alcançar o próximo estágio, que é a aceitação.
Após externar sentimentos e angústias, inveja pelos vivos e sadios, raiva pelos que não são obrigados a enfrentar a morte, lamento pela perda iminente de pessoas e de lugares queridos, a tendência é que o paciente terminal aceite sua condição e contemple seu fim próximo com mais tranquilidade e menos expectativa. O enlutado que já conseguiu vencer os estágios anteriores chega, agora, ao momento em que a saudade se torna mais sossegada, se sente mais em paz e começa a ter condições de se organizar na vida.
Tenha paciência consigo mesmo
Como você viu, o luto é feito por fases e se reconhecer em cada uma delas pode te ajudar a superar. Tenha calma consigo mesmo e saiba vivenciar a sua fase, respeitando a sua dor e entendendo que ela passará.
Converse
Ainda que você esteja longe de amigos ou parentes, a tecnologia está ao seu lado! Use este momento para se cercar – mesmo que virtualmente – das pessoas que você ama. Converse, desabafe e partilhe seus sentimentos.
Mude sua rotina
É difícil se desapegar da rotina antes vivida com a pessoa que partiu. Os momentos, embora eternos, são uma marca de que algo que antes era comum e rotineiro, se foi. Mudar a rotina pode ser a saída. Crie novos hábitos, seja sozinho ou com outras pessoas. Esse desapego pode ser sentido como traição ou culpa, mas ele é saudável e necessário. Desapegar-se não significa esquecer!
Busque ajuda
Acabamos de passar por um momento muito pesado, e perder alguém torna isso mais difícil ainda. Foram dois anos de incerteza, medo, crise financeira, isolamento e mais uma série de fatores que mexeram com a cabeça de uma sociedade inteira. Por isso, se você não der conta de tudo sozinho(a), não se culpe. Procurar ajuda é um ato de fortaleza!
Sabemos que este conteúdo não irá acabar com a sua dor, mas queremos que saiba que estamos aqui com você! Inclusive, em nosso canal do YouTube temos um vídeo com a psicóloga Psicóloga Cristiane Açumpsão, que fala sobre o Luto em tempos de Pandemia. Vale a pena conferir! As palavras da especialista podem trazer certo conforto ao seu coração.
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