Índice
2.1- Como essa prática surgiu?
3- Quais as vantagens da cremação?
4- Como essa prática surgiu no Brasil?
4.1- Em que ano ela chegou aqui?
4.2- O que pensam os brasileiros sobre a cremação?
5- Um panorama sobre o nosso país
5.1- Como é feita a cremação no Brasil?
5.2- Quais as religiões que aceitam esse procedimento?
5.3- Quais os estados com mais crematórios? Por quê?
6- Quais são as perspectivas para a cremação no futuro?
6.1- A tendência é que a prática continue crescendo?
Em algumas regiões do mundo, o sepultamento é a regra e a prática mais adotada na hora da morte. Porém, outra prática conhecida vem crescendo ao redor do globo: a cremação que, inclusive, é o procedimento mais comum de algumas crenças.
No Brasil, ela vem sendo aceita cada dia mais por inúmeras razões, mas principalmente, devido ao conhecimento das pessoas acerca do tema. Ao conhecer a cremação, as pessoas vão, aos poucos, quebrando os tabus sobre ela e passam a considerá-la uma opção. Nosso objetivo com este e-book é mostrar tudo sobre a prática: conceito, surgimento, procedimento, vantagens e como ela vem se solidificando no Brasil.
Quais as razões que levam ao crescimento da cremação no Brasil? Descubra abaixo!
A cremação é um processo de transformação do corpo em cinzas, que abrevia o processo de decomposição. Ela ocorre em um forno de alta tecnologia, desenvolvido especificamente para tal finalidade.
Tradição há mais de 3.000 anos, os povos gregos e romanos utilizavam a cremação em 1.000 a.C. e 750 a.C., respectivamente, com seus soldados mortos na guerra. Nessas sociedades, o processo era considerado um destino nobre aos corpos.
Há relatos de que, numa região da Austrália (lago Mundo), as cremações ocorriam há mais de 20.000 anos. Ela é uma prática antiga, principalmente entre as religiões do Oriente, devido a seu significado purificador.
O corpo é submetido a uma temperatura aproximada de 1000°C em forno crematório, durante duas ou três horas. Após todas as etapas do processo de cremação, sobram apenas cinzas e alguns fragmentos ósseos, que são triturados para ficarem uniformes com as cinzas, que serão entregues à família. Vale destacar que ocorre a incineração de um corpo por vez.
Para um determinado perfil de pessoas, a cremação é a escolha certa quando a morte chega. As motivações são diversas, mas o procedimento possui uma série de vantagens, como:
O uso de tecnologias avançadas (fornos especiais incineradores) e a necessidade de atender ao crescimento exponencial da população mundial (e consequentemente sua morte) tornam a cremação um fenômeno moderno, que visa o futuro.
A ausência de despesas com o pagamento do terreno no cemitério, com a locação ou aquisição de jazigo e com a taxa de manutenção, tendem a tornar a cremação um procedimento econômico quando comparado ao sepultamento.
O processo não afeta o meio ambiente, uma vez que os gases emitidos no processo não são poluentes, já que o corpo libera apenas água e gás carbônico em pouca quantidade. Os resíduos tóxicos resultantes da cremação também são retidos pelos filtros de ar.
Simples e rápido, o procedimento de cremação também é prático. As cinzas são repassadas à família, que respeitará a vontade do falecido, podendo jogá-las em um lugar específico que tenha algum significado para ele (jardim, mar ou montanha), guardá-las em casa ou colocá-las em um local religioso.
Nos países europeus, em que houve intensa imigração asiática, mistura de crenças budistas e hinduístas com as religiões ocidentais (catolicismo e protestantismo, principalmente), a cremação já era mais aceita. Entretanto, para a Igreja Católica, a cremação foi um tabu até 1963, quando ainda se acreditava no papel do corpo na ressurreição.
Já nos anos 70, houve mudança desse conceito e o Catolicismo passou a pensar na alma como o ponto central da ressurreição, desvinculando o acontecimento do corpo. Desde então, a cremação é permitida pela religião, contanto que não seja um ato de contestação da fé. Mas qual a relação desse fato com a cremação no Brasil?
Considerando que o Brasil é um país majoritariamente católico, foi apenas com a mudança no pensamento sobre a ressurreição que a cremação passou a ser aceita pela Igreja. Por isso, o primeiro crematório brasileiro surgiu em São Paulo, na década de 70.
Até meados dos anos 90, o país contava com um único crematório — o da Vila Alpina, em São Paulo. Atualmente, temos mais de 40 crematórios em território nacional.
Condicionados especialmente pelas crenças que professam, uma vez que nosso país é bastante religioso, os brasileiros tendem a pensar na cremação da mesma forma como as religiões se posicionam. Os católicos, por exemplo, são maioria no Brasil e seguem os pensamentos da instrução da Congregação para a Doutrina da Fé, aprovada pelo papa Francisco em 25 de outubro de 2016. De acordo com a instrução, “a Igreja não tem razões doutrinárias para impedir tal praxe, já que a cremação do cadáver não atinge a alma e não impede a onipotência divina de ressuscitar o corpo”.
Além da religião, questões culturais também influenciam no pensamento dos brasileiros. Infelizmente, a grande maioria da população não tem acesso ao que chamamos de conhecimentos gerais. Somos um povo ainda ignorante, no sentido de não garantir o acesso à informação à maior parte da população. Por este motivo, a morte segue sendo um tabu, ainda que isso venha se transformando nos últimos anos. O ponto positivo dessa transformação recente é tornar a cremação uma questão normal, admissível no cotidiano brasileiro, motivo que fez com que o número de crematórios crescesse muito.
Em países com pouca extensão de terra, como Japão, Hong Kong e Inglaterra, a cremação é a prática mais comum, sendo também o procedimento mais adotado nos países influenciados pelas religiões budista e hinduísta, como China e Índia. O índice de cremações no Japão e na China é de quase 100%, na Austrália se aproxima de 70% e nos EUA, 50%.
O crescimento no Brasil, até os últimos anos, foi pequeno por diversos motivos como, por exemplo, o território extenso, que abriga muito espaço para cemitérios e a influência do catolicismo, que permitiu a cremação tardiamente. Porém, a demanda pelo procedimento vem crescendo, justificada pela mudança de cultura da população, que conhece mais o ato de cremar. Além do fator religioso, a expansão de crematórios no Brasil se dá por três principais motivos:
Como citado anteriormente, quando tratamos das vantagens da cremação, o procedimento não afeta o meio ambiente. A preocupação com a responsabilidade socioambiental é algo que vem sendo considerada em todo o mundo.
Se antes, a cremação no Brasil era vista com estranheza e como um retrato de status, atualmente, podemos dizer que ela pesa menos no bolso a longo prazo, se comparada ao sepultamento.
Fator que influencia de forma pessoal, que tem efeitos diferentes em cada pessoa. Há aqueles que imaginam a solidão e o espaço apertado para um corpo sepultado dentro do caixão, o que motivaria a cremação.
Essa expansão no procedimento demanda também uma nova abordagem legal, por parte dos legisladores, uma vez que a cremação no Brasil é abordada de forma superficial em uma norma da década de 70. Desde 2011, os senadores estudam um projeto de lei (PLS 474/2011) que cria regras mais claras e detalhadas para a cremação.
A Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73) dispõe que “a cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 médicos ou por 1 médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária”. Diferentemente do sepultamento, podemos apontar algumas exigências para que um corpo seja cremado no Brasil:
Manifestação de vontade: a pessoa deve redigir um documento, chamado de “declaração de vontade”, expressando seu desejo em ser cremada e registrá-lo em cartório. Se houve expressão da vontade sem documento ou registro, mas um familiar souber da vontade, ele poderá se responsabilizar legalmente pela cremação. O registro é importante porque, apesar da vontade do falecido, a família pode se opor ao procedimento.
Atestado de óbito assinado por dois médicos ou por um médico legista: os médicos podem ser de qualquer especialidade;
Autorização judicial em caso de morte violenta: as mortes que decorrem de acidente, suicídio ou homicídio, por exemplo, demandam autorização judicial, para que a pessoa seja cremada. Isso porque a cremação impediria qualquer investigação futura acerca da morte. O juiz pode não autorizar a cremação se a polícia não recomendar o procedimento.
Não. A cremação permite a realização de todas as cerimônias tradicionais e/ou religiosas de um funeral.
Sim. No entanto, são retirados todos os metais, vidros e, devido à alta temperatura, a madeira do caixão é totalmente consumida pela cremação. Com isso, as cinzas caem num compartimento apropriado embaixo, onde são recolhidas posteriormente.
Grandes influenciadoras no momento da morte, as religiões são responsáveis por diversos posicionamentos acerca da cremação. Como dissemos, a mudança nos conceitos de ressurreição fez com que os católicos contemporâneos aceitassem a cremação como um procedimento válido, já que a alma ressuscita e não o corpo. Só é proibida caso seja um ato de contestação da fé.
O budismo e o hinduísmo consideram a cremação uma prática obrigatória, para que a alma se purifique e liberte-se do corpo. Para essas religiões, o fogo induz o sentimento de desapego do espírito, contribuindo para sua passagem ao novo mundo.
O espiritismo solicita que se aguarde de dois a três dias (mais especificamente, 72 horas) para efetuar a cremação, que é o período suficiente para o espírito se desvincular totalmente do corpo físico e desencarnar. Por outro lado, o islamismo, o candomblé e o judaísmo não permitem a cremação, por acreditarem que o corpo deve retornar à terra.
No Brasil, os estados que possuem mais crematórios estão situados nas regiões sul e sudeste, em especial no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Os gaúchos aceitaram bem a tendência mundial do crescimento da prática e, em Porto Alegre, o número de cremações chega a 10% dos óbitos. Os paulistas “sofrem” os efeitos de estarem no estado que é a maior referência de modernidade do país.
Outros estados, como Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais possuem crematórios reconhecidos pelo Brasil inteiro. Em contrapartida, a região norte quase não possui estrutura para a cremação e o primeiro crematório da região foi inaugurado apenas em 2003. As regiões nordeste e centro-oeste possuem poucos crematórios espalhados, principalmente pela Bahia, pelo Ceará, por Pernambuco e por Goiás.
O conhecimento acerca de como funciona a cremação tem servido para quebrar os tabus em relação ao procedimento. Conforme palavras do antropólogo José Carlos Rodrigues, o Brasil está passando por um fenômeno que ocorreu na Europa em relação à cremação, que é o crescimento do individualismo.
“A ideia de uma sepultura coletiva, familiar, foi ficando menos atrativa e impositiva. Os indivíduos passaram a querer ser enterrados nos destinos que eles escolheram, nos lugares em que eles moram, nos lugares que eles adotaram afetivamente. O sepultamento foi até mesmo perdendo um pouco de importância”, explica o antropólogo. Com esse pensamento, a cremação foi se tornando uma alternativa viável ao sepultamento, por estar ao alcance econômico das famílias.
Considerando a mudança cultural e as vantagens que a cremação apresenta, a tendência é que a prática cresça ao redor do mundo e no Brasil. As questões financeiras, religiosas e ambientais são importantes, mas devemos considerar também o limite de expansão dos grandes centros urbanos e a mudança do pensamento cultural.
A cremação não ocupa terrenos como o sepultamento e podemos notar que, em algumas capitais, já não há mais espaços nos cemitérios. Portanto, essa prática vem se tornando uma alternativa para resolver o problema da falta de área física.
Quanto à mudança cultural, vemos a percepção de que as práticas mais comuns e tradicionais podem ser mudadas em um local, como é o sepultamento no Brasil. O contato com outros países, possibilitado pelo mundo globalizado, abre-nos os olhos para outras possibilidades.
Além disso, a mera discussão entre sepultamento e cremação já é um passo para quebrar o tabu em relação à morte. É uma forma de encará-la, junto aos familiares envolvidos na discussão.
São muitas as curiosidades sobre a cremação e as informações que vêm sendo disseminadas com maior frequência no Brasil. Na medida em que as pessoas adquirem mais sabedoria sobre o procedimento, começam a mudar seu comportamento em relação a ele, vendo que é uma prática viável, uma alternativa ao sepultamento, desde que as crenças permitam. A cremação no Brasil é uma prática que vem crescendo e que, possivelmente, em um futuro próximo, será tratada com a mesma naturalidade do que o sepultamento.
O Parque Renascer Cemitério e Crematório é, atualmente, um dos mais bem equipados do Brasil, reunindo uma área verde que preserva várias espécies de árvores nativas dentro dos seus quase 200.000 m². Possui quatro capelas-velórios, flora e lanchonete 24 horas, praça de convivência em um ambiente que favorece a reflexão e a serenidade.
Completam a estrutura do cemitério um moderno equipamento crematório e columbário, local onde as urnas cinerárias podem ser guardadas.
O Cemitério Sem Mistério faz parte das empresas Parque Renascer e Renascer Funerária e criado para ser um portal informativo referente ao momento de luto.