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Despedir-se dos entes queridos é sempre um momento de muita dor e comoção. As religiões possuem maneiras diferentes de encarar o falecimento e por isso também contam com cerimônias de morte distintas, dependendo da crença e da cultura dos fiéis.
Esses ritos de passagem são extremamente importantes, porque ajudam os enlutados a conseguirem se despedir de quem partiu e a encarar o falecimento sob uma nova perspectiva.
Inclusive, para a psicologia, essa é uma das fases do luto – que encerra a dúvida sobre a pessoa ter ou não falecido e ajuda a dar continuidade nas demais, reduzindo o sofrimento de maneira progressiva.
Quer entender melhor quais são as cerimônias de morte das principais religiões? Continue a leitura!
Vamos ver em detalhes como as principais religiões se despedem dos seus falecidos.
O catolicismo é a maior religião no nosso país – e por isso seus ritos fúnebres são os mais conhecidos por nós. Em geral, os católicos costumam realizar o velório e o enterro logo em seguida – com, no máximo, 24 horas entre o falecimento e o sepultamento.
O velório, quando possível, é feito com o caixão aberto e os familiares recebem as condolências de amigos e outros parentes. É possível que os enlutados toquem o corpo e lhe dirijam algumas palavras.
Também é costume dos católicos rezar missas e entoar cantos. Um padre poderá realizar um conjunto de rezas para permitir que o corpo se prepare para a vida eterna – é o que os católicos chamam de exéquias.
Alguns católicos ainda podem adornar o velório de acordo com as tradições da religião, como posicionando uma cruz sobre o caixão e quatro velas ao redor. As velas simbolizam a luz de Jesus Cristo ressuscitado e ajudam a iluminar a alma do falecido para a eternidade.
Outro rito comum é o envio de flores e coroas, o que visa simbolizar a primavera da vida que deverá florescer na eternidade.
Uma data muito importante para os cristãos é o Dia de Finados, uma data dedicada a orar por aqueles que partiram e prestar diversas homenagens aos mortos, com uma intensa visitação aos cemitérios.
Outra religião que conta com muitos fiéis no Brasil é o Espiritismo. Para os espíritas, a morte (ou desencarne) não é o fim – mas apenas uma passagem desse mundo para outro.
Ou seja, apenas deixamos o nosso corpo físico e vamos viver como espíritos, até reencarnamos novamente em outro corpo com a missão de nos aprimorarmos e evoluirmos.
Assim, quando morremos, o espírito se desliga do nosso corpo físico e retorna ao mundo espiritual, onde poderá se preparar para uma nova reencarnação ou realizar trabalhos de assistência espiritual aos encarnados.
Em relação às cerimônias de morte, os espíritas costumam velar seus falecidos de maneira semelhante a outras religiões. No velório, é normal que muitos façam preces e busquem manter o equilíbrio – afinal, o desencarnado poderá continuar na Terra por um período, até entender o que está ocorrendo com ele.
Porém, ao contrário dos católicos, os espíritas não usam flores ou velas nos velórios e o corpo poderá ser sepultado normalmente ou cremado.
Além disso, os espíritas costumam não ficar “clamando” muito pelos mortos, para não dificultar que o Espírito se acostume com sua nova morada.
Para os protestantes, não há reencarnação. Quando morremos, passamos para uma outra vida em comunhão com Deus. Eles também creem no céu e no inferno e o julgamento não ocorre pelas ações que a pessoa teve durante a sua vida, mas sim pela fé que ela demonstrou às palavras do Senhor.
Assim como as demais religiões, as cerimônias de morte costumam ser parecidas. A diferença é que o velório costuma ser feito para auxiliar a família enlutada e não para se despedir do falecido.
Por isso, é costume realizar o velório na igreja ou no cemitério. Os protestantes não costumam acender velas no velório, apenas ornamentar o espaço com flores. O pastor é o responsável por realizar a Liturgia para Ofício Fúnebre, mas caso não haja nenhum pastor disponível, outro fiel poderá realizá-lo.
Além desse momento, são feitas as leituras da Bíblia de forma espontânea pelos participantes e, caso a família decida pelo sepultamento, os participantes acompanham o enterro e a família recita um versículo da Bíblia, finalizando com um encerramento do pastor.
Os protestantes não costumam realizar cultos fúnebres, como os católicos. Se a família desejar, é possível realizar um culto de gratidão à Deus pela vida do finado.
Para os judeus, o velório é a hora de reunir os familiares, amigos e pessoas próximas para exaltar as qualidades do falecido, comentar sobre as boas ações que praticou em vida e realizar orações em seu nome.
O caixão costuma ser ladeado por velas, permitindo que o espírito encontre um caminho iluminado. Uma honra muito grande é a família oferecer donativos à entidades em nome do falecido, o que ajuda a trazer conforto espiritual à alma para quando ela encontrar Deus.
A cerimônia de despedida costuma ser curta. Nela, as mulheres usam um lenço cobrindo a cabeça e os homens vestem o quipá. Para os judeus, não existem palavras capazes de expressar a dor da perda de um ente querido, por isso é recomendável não falar nada e nem oferecer os pêsames aos familiares.
O velório também é um pouco diferente, já que geralmente é feito com o caixão fechado, porque a exposição do falecido é visto como um desrespeito. O corpo não deve ficar sozinho e os participantes não podem beber, comer, cantar ou ouvir música. Há apenas a leitura de salmos e as declarações sobre as bondades de quem faleceu.
Um dos últimos rituais dos judeus é a colocação da lápide – que não ocorre durante o enterro. No Brasil, a lápide é colocada após 11 dias de falecimento, em Israel, o tempo mínimo é de um mês – e varia dependendo do país. Durante a cerimônia, o túmulo fica coberto com um pano preto e pequenas pedras.
Para os hindus, não existe nenhuma regra sobre como deve ser o velório, já que ele é apenas uma “fase intermediária”, entre as etapas mais importantes das cerimônias de morte, que são: a preparação do corpo (realizada logo após o falecimento) e a cremação.
Em algumas áreas da Índia, é costume jogar pétalas de rosas, jasmins e margaridas sobre o corpo e rodeá-lo por 3 vezes (esse é um número sagrado para os hindus pois representa as divindades de Brahma, Shiva e Vishnu, ou, o ciclo completo da existência).
Outro costume é deixar algumas cartas sobre o corpo do falecido, com pedidos para que a sua alma encontre a iluminação, ou ainda realizar leituras de textos sagrados.
Os muçulmanos precisam sepultar seus mortos com mais agilidade, por isso o velório é encarado como uma etapa intermediária entre a preparação do corpo e o sepultamento.
Normalmente, ele funciona para que os familiares tenham tempo hábil para dar entrada nas burocracias do sepultamento ou ainda para aguardar a chegada de alguém mais distante.
Outra recomendação no velório islâmico é que o traje seja respeitoso. O preto não é necessário, contudo, as mulheres precisam manter as cabeças cobertas.
Durante a cerimônia, os familiares podem permitir que haja música, caso desejem, e é costume que os familiares rezem em conjunto, próximos do caixão, para que a alma do falecido encontre seu caminho de paz.
O Candomblé é uma religião de matriz africana e que não acredita na morte como um fim, apenas um rito de passagem em que há desprendimento do espírito do corpo material.
Após o falecimento, o corpo passa por um ritual pós-morte que é dividido em várias etapas, justamente para conseguir desprender a alma da matéria.
Somente depois desse rito é que ocorre o velório, quando são entoados vários cantos para que o espírito consiga retornar ao seu lugar de origem. O ritual é renovado depois de 1 ano de falecimento e se repete pelos próximos 3 anos.
O Budismo é celebrado em várias partes do Oriente, e em cada país as cerimônias de morte podem ser diferentes. Um dos ritos comuns é a celebração à memória do falecido, feita 7 dias após a morte, quando familiares e amigos se encontram.
Esse ritual se repete a cada 7 dias até completar 49 dias de falecimento, ou sete reuniões.
No Japão, outro costume é a celebração do Obon, que ocorre em 15 de julho ou 15 de agosto. Nessa data, as famílias japonesas enfeitam as áreas ao ar livre ou os templos com lanternas coloridas e velas e dançam os ritmos tradicionais japoneses para homenagear as pessoas queridas que já partiram.
Outra tradição budista são os “ofícios memoriais”, ou as cerimônias oferecidas pelas famílias para celebrar o falecido. Elas devem acontecer em aniversários de morte específicos, como no primeiro, terceiro, sétimo, décimo terceiro, décimo sétimo e trigésimo terceiro ano.
Independentemente da crença, as cerimônias de morte são essenciais para os enlutados, ajudando a aliviar a dor dos que ficam e a encerrar ciclos, dando a sensação de que a alma do falecido finalmente partiu para uma vida melhor – dependendo da fé de cada um.
Até mesmo para quem não tem nenhuma religião, o velório é um momento significativo e funciona como uma “última despedida”, ajudando no processo de luto.
Gostou de conhecer mais sobre as cerimônias de morte das religiões? Aproveite e descubra como cada doutrina lida com a vida após a morte!
O Cemitério Sem Mistério faz parte das empresas Parque Renascer e Renascer Funerária e criado para ser um portal informativo referente ao momento de luto.