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Em 2017, o número de doações de órgãos no Brasil teve um aumento de 15,7%, de acordo com os dados apurados pelo R7. Apesar disso, nosso país ainda figura em uma posição intermediária no ranking mundial. E muito se deve, principalmente, a desinformação. Quem quer doar, muitas vezes, se questiona, por exemplo, para que serve o cartão de doador de órgãos e como ele funciona.
A verdade, é que a doação de órgãos ainda é um processo complicado no nosso país, porque quem autoriza o procedimento é sempre a família. Ou seja, mesmo que você tenha o desejo de doar, se, ao falecer, os seus familiares não autorizarem, o processo não acontece.
Quer saber mais sobre o cartão de doador e como ele pode ajudar a transformar a sua vontade em realidade quando o momento chegar? Continue a leitura!
O cartão de doador é uma iniciativa promovida por algumas entidades ligadas ao tema, como o Banco de Olhos de Sorocaba (que trabalha com transplantes de córneas) e também do Programa Estadual de Transplantes (PET), da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
Essas duas entidades oferecem a possibilidade de quem desejar se tornar doador, incluir suas informações em um cadastro e imprimir um cartão que expressa a sua vontade. Nesse cartão, estão presentes os seus dados pessoais e médicos, como tipo sanguíneo e órgãos que deseja doar.
Apesar disso, é importante salientar, que o cartão não tem validade legal, é apenas uma maneira de demonstrar e reafirmar a sua vontade quando você não estiver presente. Ou seja, mesmo de posse desse item, se a sua família não autorizar a doação, ela não acontecerá, independentemente da forma usada para expressar a sua vontade.
Por isso, mesmo fazendo o cartão, é sempre essencial conversar ainda em vida com as pessoas próximas, indicando o seu desejo. Outra recomendação é fazer uma Declaração de Vontade registrada em cartório, reafirmando que você gostaria se tornar um doador.
Se você ficou interessado, existem várias maneiras de demonstrar o seu desejo de doar órgãos. Para fazer o cartão de doador de órgãos que citamos, é só acessar o site de cadastro do BOS (Banco de Olhos de Sorocaba), preencher o seu cadastro e imprimir o cartão.
Você também poderá solicitar o seu cartão pelo PET, acessando o site de cadastro e preenchendo os seus dados. Pelo próprio site, após fazer o seu cadastro, você encontra a opção de enviar e-mail aos seus familiares notificando a sua vontade de doar órgãos e também escolher os desenhos para fazer a impressão do seu cartão. Lembrando que podem se cadastrar mesmo as pessoas que não são do Rio de Janeiro ou de Sorocaba, já que a ideia é unir os doadores de todo o país com essa iniciativa.
Outra possibilidade de demonstrar a sua vontade é pelo Facebook. Há algum tempo, os usuários que desejarem poderão incluir a opção “doador” na sua linha do tempo e até explicar as razões pelas quais deseja doar seus órgãos. O aviso poderá aparecer tanto na linha do tempo, como nas informações do perfil, dependendo do que você selecionar.
Embora esses documentos não tenham validade legal, já que quem decide e autoriza a doação de órgãos são os seus familiares, o cartão de doador de órgãos é uma maneira de demonstrar o seu interesse e vontade.
Mais do que fazer essa documentação ou deixar essa informação visível nas suas redes sociais, é essencial conversar com os seus familiares ainda em vida sobre os seus desejos para quando a sua hora chegar.
Isso inclui não apenas a vontade de doar órgãos, mas também as suas preferências em relação ao sepultamento, velório e até se prefere ser cremado, por exemplo.
Infelizmente, conversar sobre esses temas ainda é um tabu em muitas famílias, que acreditam ser algo muito mórbido para se abordar. E, então, quando algum dos entes queridos falece, os que ficam não sabem como agir e nem se estão tomando decisões de acordo com as crenças e as preferências dos que partiram.
Tanto para doar órgãos, como para ser cremado, é essencial que a sua família esteja informada sobre suas vontades, porque serão essas pessoas que decidirão se você poderá ou não ser submetido a esses procedimentos. E se eles não souberem das suas vontades, como poderão respeitá-las?
A grande vantagem do cartão de doador é que, estando nos seus documentos, se algo acontecer com você, tanto a equipe médica, como a sua família saberão dos seus desejos e estarão mais propensos a considerá-los. Mas ele não substitui uma conversa franca e direta.
Como dissemos, a única maneira de se tornar doador de órgãos depois de falecido é comunicando, ainda em vida, esse desejo a sua família, para que ela possa autorizar o procedimento quando o momento chegar.
Só podem ser doadores, as pessoas que forem diagnosticadas com morte encefálica e que:
Depois de os médicos realizarem essa certificação, o paciente será submetido a dois exames neurológicos para avaliação da integridade do tronco cerebral. Os exames são realizados por dois médicos que não integram as equipes de captação e transplante.
Somente quando todos esses procedimentos são realizados e o paciente é considerado apto para ser um doador, é que os médicos comunicam à família e solicitam a autorização. A entrevista é clara e objetiva.
Após todos esses passos, é possível doar:
Apesar de todos esses passos, existem algumas situações que impedem o paciente de ser doador (mesmo que a família esteja ciente da sua vontade), que são:
Outra possibilidade pouco conhecida por muitas pessoas é a doação em vida. O procedimento é permitido para os pacientes que doam órgãos duplos, como o rim ou parte de um dos seus órgãos, como pâncreas, fígado e pulmão. Também é possível doar tecidos, como a medula óssea. Porém, a doação somente será permitida se ela não trouxer nenhum risco à saúde do doador e se houver compatibilidade sanguínea com o receptor.
Como você viu, o cartão de doador de órgãos não é um instrumento legal, mas pode ajudar a transmitir e a fortalecer a sua vontade de doar. De qualquer maneira, é sempre fundamental conversar, ainda em vida, com os seus familiares sobre os seus desejos.
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