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Os cemitérios indígenas brasileiros eram extremamente diversificados, assim como a cultura e os rituais de cada uma das tribos que viviam em nosso território. Até hoje, diversas escavações de norte a sul do Brasil têm encontrado indícios arqueológicos desses rituais e das formas diferentes que cada tribo usava para se despedir dos seus entes queridos (e também dos seus inimigos).
Porém, apesar dessas diferenças, a grande maioria dos índios acredita, até hoje, nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados, sendo a figura do pajé a responsável por transmitir esses conhecimentos ancestrais aos habitantes da tribo. Para muitos indígenas, a vida após a morte existia e por isso eram necessários rituais específicos.
Atualmente, o Brasil possui em torno de 800 mil índios (o que significa 0,4% da população brasileira), vivendo tanto em terras indígenas quanto em áreas urbanas. Além disso, existem 77 referências de possíveis tribos indígenas não contabilizadas que estão vivendo sem contato com os humanos, sendo que deste número, 30 já foram confirmadas pela Funai.
Quer saber mais sobre esse tema e sobre os cemitérios indígenas que permeiam as terras brasileiras? Continue a leitura!
Diversos estudos antropológicos e escavações funerárias têm mostrado uma característica bem peculiar das tribos que viviam no Pará, a chamada inumação secundária. Nessa prática, o cadáver passava por vários tipos de tratamento.
Logo após a sua morte, o corpo era depositado em um local específico para que acontecesse a decomposição dos tecidos moles. Em sequência, ele era desenterrado, os ossos eram limpos e, então, enterrados em um pote. Essa sequência fazia parte de um dos muitos rituais pós-morte dos povos indígenas e poderia se prolongar por vários meses ou anos.
Antes da chegada dos portugueses, os povos Guaranis e Tupis não tinham um cemitério para enterrar seus entes queridos. Nessas tribos, a prática era enterrar o falecido dentro da oca, que era abandonada em seguida.
Somente com a influência dos jesuítas é que essas tribos passaram a construir cemitérios que ficavam bem distantes das aldeias — e permanecem assim até hoje — devido ao medo do “anguêry”. Nesses cemitérios, os índios são enterrados com os pés voltados para a nascente mais próxima, de forma que encontrem facilmente o caminho para a terra Sem Males, que fica na direção do oceano.
Para ajudar os mortos nessa caminhada, os índios acendem fogueiras durante o dia, buscando iluminar o caminho para a passagem. A chegada do morto ao outro mundo acontece quando seu espírito retorna à aldeia, aparecendo nos sonhos, principalmente do pajé, para dar conselhos à tribo.
Já na tribo Matis, localizada na Amazônia, o morto é sepultado até hoje envolto em uma rede, em posição fetal, dentro da sua maloca. A sepultura é, então, nivelada com barro socado.
A maloca é abandonada e, alguns dias depois, queimada. Os pertences do falecido são sempre sepultados com ele e a sua rede é colocada sobre a sua cabeça antes da cova ser fechada. Os objetos que não puderam ser sepultados são queimados.
Esse era um costume antigo da tribo Marubo, em contato com a sociedade desde 1870. Os Marubos possuem hoje uma população de cerca de 600 pessoas que vivem próximas dos rios Curuçá e Ituí, na Amazônia (próximos à fronteira com o Peru).
Devido à influência dos missionários, hoje os seus mortos são sepultados em cemitérios indígenas, porém, antigamente, era costume cremar os falecidos e depois comer as cinzas com uma espécie de mingau, para que o morto pudesse sempre continuar entre eles. Somente as crianças de colo não passavam por esse ritual, sendo que, geralmente, elas eram enterradas entre as árvores — um costume que permanece até hoje.
O canibalismo era uma prática comum entre algumas tribos indígenas brasileiras, como os Tupinambás, que viviam no litoral da região sudeste. Para essas tribos, o ato de comer a carne humana do inimigo estava associado à incorporação de características positivas do falecido, como valentia, conhecimentos e sabedoria.
Em geral, eram comidas as vísceras e o sangue era bebido. Os índios capturados também gostavam da prática, porque acreditavam que o estômago humano era o melhor local para um guerreiro repousar.
Essa era uma prática relativamente comum na tribo dos Kaingang, que vivem na região de Chapecó, em Santa Catarina. Quando um índio dessa tribo falece, ele é enterrado imediatamente, deitado, com seu machado, arco, flechas e curu.
Ele é colocado em uma cova superficial, forrada e coberta com madeira e terra na parte superior, até formar uma espécie de pirâmide cônica, entre 2 e 4 metros de altura e com 6 a 8 diâmetros de base. Depois de fazerem a sepultura, os índios se reúnem em torno do fogo para beber o Kiki e cantar e dançar as ações do morto.
A duração do rito depende da importância do falecido dentro da tribo. Depois do sepultamento, os Kaingang acreditavam que os mortos retornavam à vida transformados em uma formiga preta ou em um mosquito.
Há relatos de que os tupis-guaranis acreditavam na existência de uma terra sem males, algo como o paraíso na terra, apelidada pelos brancos de Eldorado. Sempre que a situação se tornava calamitosa na aldeia, o pajé ou um profeta guiavam os índios por uma longa caminhada em busca da terra sem mal.
A Terra sem Males seria um lugar de abundância, no qual a flecha se dirige de forma automática para a caça e o milho cresce sozinho. Essa espécie de céu também podia ser alcançado após a morte.
Relatos muito antigos, datados de antes do século XIX, mostram que algumas tribos tinham o hábito de enterrar seus mortos sepultados em vasos cerâmicos chamados de camucis ou de igaçabas, sendo que muitos desses itens são encontrados até hoje em escavações históricas. Como nos demais rituais, os índios eram enterrados junto dos seus pertences, como arcos e flechas.
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