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As múmias não são apenas características do Egito Antigo, mas com certeza são elas as mais famosas e que mais atraem a atenção de historiadores e curiosos. A partir de um processo complexo, a mumificação no Egito Antigo trazia consigo a crença de vida após a morte e de preservação do corpo para o retorno do que eles acreditavam ser o espírito ou a alma do falecido.
Quer saber mais sobre as múmias dessa época e como era o processo de mumificação no Egito Antigo? Continue a leitura!
Os antigos egípcios tinham uma religião politeísta, formada por vários deuses e acreditavam na vida após a morte. Para eles, o ser humano não era formado apenas pelo seu corpo físico, mas também possuía o seu nome, a sua sombra, o seu ka, o seu akh e o seu ba. Para que o falecido tivesse uma boa vida após a morte, era fundamental que todas essas partes sobrevivessem mesmo depois e, nesse sentido, a mumificação era essencial.
Na visão dessa sociedade antiga, o ba era o que mais se assemelhava ao conceito que temos hoje de alma, sendo que, após a morte, o ba poderia deixar a sepultura e subir ao céu, vivendo em um estado eterno de glória. Apesar disso, ele também poderia revisitar o seu corpo falecido e era até mesmo capaz de reanimá-lo e de conversar com ele.
O ka era a força viva que acompanhava as pessoas desde quando elas nasciam e, após a morte, habitava os restos mumificados do falecido. A criação do ka acontecia juntamente com a criação do ser e, depois da morte, residia na tumba, tendo as mesmas necessidades do ser humano vivo, como se alimentar e se divertir — por isso eram colocadas as oferendas nas tumbas antigas.
Já o akh era a forma intangível e imortal do corpo, que também iria para o céu viver junto dos deuses. Como para os egípcios, mesmo após a morte, as pessoas continuavam necessitando dos seus corpos físicos, a preservação destes era essencial, garantia a sobrevivência e a manutenção de todos os elementos, sobretudo do ka e do ba. Até mesmo os deuses necessitavam da preservação dos corpos, como era o caso de Osíris, o qual possuía vários membros preservados como relíquias em santuários egípcios.
Os processos de mumificação no Egito antigo variaram bastante ao longo das dinastias, com o uso de novas ferramentas e também de métodos empregados pelos sacerdotes especialistas na mumificação. Também poderia haver diferenciação de acordo com o nível de importância e as riquezas das pessoas mumificadas, sendo que os mais pobres poderiam ter um procedimento mais simples, enquanto os ricos e os faraós passavam por um processo mais completo e próximo da ideia que temos hoje de múmias. Em geral, o procedimento mais adotado passava por alguns passos e demorava 70 dias para ser finalizado, como:
Lavagem do corpo com água para torná-lo puro;
Remoção dos órgãos como os pulmões, o fígado, os intestinos e o estômago por meio de uma incisão no corpo. Esses órgãos eram colocados em vasos separados (chamados de vasos canopos);
Remoção do cérebro, que era feita pela narina a de uma ferramenta que se assemelhava a um gancho (podendo ou não ser usados produtos químicos para facilitar a remoção). O cérebro era jogado fora;
Secagem do corpo com natrão (uma espécie de sal) por 40 dias, retirando a umidade da carne e reduzindo os odores. Em geral, um corpo recebia cerca de 180 kg de natrão;
Envolvimento do corpo com bandagens de linho da cabeça aos pés — que podiam ser feitas a partir de roupas antigas ou remendo de roupas;
Decoração do falecido com máscaras e desenhos.
Algumas vezes, o coração poderia ser retirado, envolto em linho e recolocado no corpo. Em outras, esse processo não ocorria. Também era possível que nem todos os passos fossem feitos, de modo a tornar a mumificação menos custosa.
No caso das famílias mais pobres, era usada uma espécie de licor, retirado do cedro, que era injetado no abdômen do falecido, de modo a não serem necessárias incisões para a retirada dos intestinos. Depois, o corpo era salgado com natrão e, no fim desse período, faziam escorrer do ventre o licor.
Este era tão forte que conseguia corroer as partes internas do falecido, evitando a retirada dos órgãos. Finalizado o processo de mumificação, os corpos eram colocados nos sarcófagos e depois nas tumbas, onde era possível encontrar riquezas, oferendas aos deuses, comidas e vários outros itens para que o ka pudesse se alimentar e se divertir. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, não eram só os humanos que eram mumificados, muitos animais também passavam por esse processo e podiam tanto servir de oferenda aos deuses, como ser animais de estimação dos falecidos.
Infelizmente, os egípcios não deixaram nenhuma documentação sobre isso, assim, nem todos os materiais usados ainda são conhecidos. Sem dúvida alguma, o natrão era uma das substâncias mais comuns e a grande responsável por desidratar os corpos, sendo que este era um produto bastante abundante no Egito.
Ele é formado a partir de uma mistura de sulfato, bicarbonato, carbonato e cloreto de sódio, que juntos conseguem retirar a umidade dos corpos e ainda criar um ambiente pouco propício à proliferação de bactérias. O clima egípcio também contribuiu bastante para que o processo conservasse os corpos, já que o país é bastante quente e seco.
Além do natrão, os egípcios também usavam misturas com itens de origem animal e vegetal. Embora muito das fórmulas ainda não seja conhecido, alguns estudos demonstraram a presença de óleos de plantas, cera de abelhas, gordura animal e resinas. De todos, os óleos vegetais eram os mais abundantes, o que demonstra que tinham uma importância significativa na conservação dos corpos.
Com o decorrer dos séculos, os sacerdotes responsáveis pelas mumificações passaram a testar novos métodos, retirando os órgãos internos que causavam apodrecimento e tratando os corpos com mel, óleo de cedro, resinas e betume. Este último foi mais usado no período Greco Romano e, ainda assim, não de forma muito extensiva.
Porém, para os cientistas e estudiosos do Egito Antigo, a principal substância capaz de manter os corpos era um extrato retirado do cedro, que contém um produto químico chamado guaiacol, muito usado na medicina moderna. Ainda assim, os estudos continuam para que a fórmula exata das mumificações possa um dia ser revelada.
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