Como mediar conflitos por ir contra costumes e tradições familiares?

Falar sobre a morte ainda é um tabu em muitas famílias. Afinal, várias pessoas acreditam que esse é um assunto “mórbido” ou ainda “capaz de atrair energias negativas”. Apesar disso, quem tem uma visão diferente dos costumes e tradições da sua família, precisa encarar o desafio, caso queira que as suas vontades sejam respeitadas quando sua hora chegar.

Nesse sentido, é muito importante saber exatamente como explicar seu ponto de vista e até mesmo quais medidas legais tomar, de modo que os seus desejos sejam considerados. Quer saber mais sobre esse assunto? Continue a leitura e veja as dicas que trouxemos para fazer valer suas vontades, mesmo contra os costumes e tradições da sua família.

Converse com seus familiares abertamente

Quem vive em uma família muito religiosa, ou tem desejos diferentes da maioria para o seu sepultamento, por exemplo, pode se sentir confuso na hora de impor suas vontades. Afinal, como falar desse tema sem deixar ninguém desconfortável?

Planejar a morte ainda em vida não é algo mórbido como muitas pessoas acreditam, pelo contrário, é uma garantia de que as suas vontades serão cumpridas e de que os seus familiares não terão de sofrer com as difíceis decisões que podem envolver esse momento.

Se você tem desejos que vão contra os costumes e tradições da sua família, como ser cremado, doar seus órgãos ou até mesmo não querer ser mantido vivo por aparelhos, é essencial conversar abertamente sobre o assunto ainda em vida.

Quanto mais franco você for, melhor será. Tente evitar discussões, mas mostre o seu ponto de vista e explique os motivos que o levou a tomar essa decisão. Por exemplo, se você deseja ser cremado, exponha o porquê isso é importante para você, onde deseja que suas cinzas sejam mantidas ou aspergidas, entre outros pontos importantes.

Escolha seus protetores

Mesmo quando a discórdia entre as visões dos familiares é grande, sempre existe alguém que acaba entendendo a nossa postura e tendo mais empatia com os nossos sentimentos.

Se você notar que a conversa está muito difícil, você poderá chamar um mediador para esse bate-papo, ou até definir legalmente quem serão seus protetores, no caso de você não conseguir mais se comunicar, ou tiver de receber cuidados paliativos, por exemplo.

Essa medida garante que as suas vontades serão cumpridas, já que seus protetores saberão exatamente como você deseja ser tratado, quais pontos são importantes para você, suas preferências e outros detalhes. Se na sua família você não tiver nenhum tipo de apoio, procure por amigos próximos que entendem e apoiam a sua decisão de ir contra os costumes e tradições.

Opte pelos recursos legais

Embora muitas pessoas não saibam, a Justiça é uma ótima maneira de fazer valer as suas vontades para quando você estiver incapacitado de tomar decisões, ou ainda para as questões pós-morte.

No Brasil, existem dois documentos importantes que podem ser usados nessas situações de conflitos em relação aos costumes e tradições, que são:

Testamento vital

Um documento legal em que constam os desejos de uma pessoa em condições de doenças incuráveis, progressivas e sem nenhum tipo de terapêutica regulamentada (ou seja, em condições nas quais a morte é inevitável).

Neste documento, devem estar presentes todas as vontades do paciente com doença terminal, como seus desejos para os cuidados paliativos, se gostará ou não de ser ressuscitado ou mantido com respiração artificial, por exemplo.

Para ter validade, o documento precisa ser redigido com o auxílio de um médico, que detém a capacidade técnica de opinar sobre as respostas do paciente, e também de um advogado, garantindo que nada que está ali escrito vai contra a lei.

Outro ponto importante é a nomeação de no mínimo 2 procuradores e, claro, que os familiares sejam informados sobre o documento e sobre as formas de cumprir suas últimas vontades.

Declaração de Vontade

A Declaração de Vontade também pode ser encarada como um tipo de Testamento Vital e, embora ela não esteja presente em nenhuma legislação específica, se for lavrada em cartório poderá ser reconhecida e deverá ser seguida quando o momento chegar.

Neste documento podem estar presentes todas as vontades da pessoa tanto para os tratamentos paliativos, como também para as decisões póstumas, como formas de sepultamento, doação de órgãos, cremação, entre outros.

Inclusive, no caso da cremação, se você não fizer a sua declaração de vontade ainda em vida, essa autorização caberá a algum dos seus familiares – que poderá não considerar o seu desejo, por isso é muito importante fazê-lo em vida.

Prepare seus familiares para esse momento

Mesmo garantindo que todas as medidas legais foram tomadas, nem sempre será fácil para os seus familiares entenderem as suas vontades, ainda mais quando elas vão contra os costumes e tradições que eles possuem.

O melhor a fazer é sempre conversar e tentar preparar os seus familiares para quando esse momento chegar. Tente mostrar a eles o quanto essa decisão foi pensada e planejada, e, principalmente, o quanto ela é importante para você.

Existem muitos pontos que você poderá conversar com seus familiares, evitando que eles se sintam perdidos ou desamparados nesse momento, como questões sobre:

Quanto mais informações os seus familiares tiverem, mais eles compreenderão as suas decisões e tenderão a apoiá-las, ainda que elas pareçam contrárias as crenças ou religiões dos seus entes queridos.

Comece a planejar com antecedência

Infelizmente, muitas pessoas ainda tratam a morte como um tabu, e com isso deixam apenas para abordarem dos seus últimos desejos quando já é tarde demais e não existe muito o que ser feito.

Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, revelou que mais de 40% dos 350 adultos entrevistados admitiram nunca terem conversado com seus familiares sobre seus desejos de tratamento ou testamento, e apenas 20% dos familiares participantes da pesquisa souberam prever as vontades do familiar.

Isso demonstra o quanto é importante começar a planejar a sua despedida ainda em vida. Afinal, nunca sabemos quanto tempo ainda temos. É claro que todos desejam morrer com mais de 90 anos, dormindo em sua cama, porém, nem sempre essa é a realidade.

Se você tem desejos que vão contra os costumes e tradições dos seus familiares, quanto antes começar a prepará-los e a conversar abertamente sobre essa situação, mais fácil será de eles assimilarem e, claro, respeitarem as suas vontades.

O mesmo acontece para a documentação, que sempre deverá ser compartilhada com seus familiares, e que poderá ser revogada por você a qualquer momento, caso mude de ideia.

E, então, com essas dicas, ficou mais fácil conversar com seus familiares e mediar os conflitos por ir contra os costumes e tradições? Se você ainda tem alguma dúvida, deixe um comentário pra gente com a sua opinião.

Este conteúdo possui caráter não oficial e meramente informativo. As informações disponibilizadas foram confeccionadas tendo por base a legislação vigente em 02/11/2017. Eventuais alterações legislativas poderão impactar nas considerações apresentadas, não tendo o (Bosque da Esperança, Parque Renascer, Funerária) qualquer responsabilidade sobre possíveis incongruências que estas modificações possam causar ao conteúdo.

Cemitério Sem Mistério

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